terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A Esperança do Natal

Por milênios, um povo aflito esperava a vinda do Menino que seria a Salvação, Aquele que mudaria a História. O Nascimento de Jesus não somente atendeu às preces destes que prepararam a sua chegada, como também trouxe em si um renascimento da esperança.

Apesar de tanto, diversas são as compreensões a respeito do significado do Natal e, contudo, enxergo-o como um tempo marcado por um variado e intenso pulsar de esperanças. Podemos perceber a manifestação de tal concreto sentimento na confraternização comumente realizada nesta data. Um rico momento em que não somente compartilhamos materialidades, porém, muito além disso, compartilhamos o mesmo sorriso da alegria que transcorre em nossos corações, o mesmo sentir do amor que torna qualquer tamanha complexidade em desprezível simplicidade, o mesmo espírito que faz com que sensíveis esperanças se transformem em visíveis realidades.


Não obstante, apesar de tão expressivo momento, as coisas são passageiras e, certamente, em poucos dias, toda essa riqueza espiritual irá embora como se escorresse pelo ralo da desesperança. Sim! Protagonizamos um mundo tão conturbado pelas mais variadas inconstâncias que é quase impossível avistar um raio de esperança e, então, nada nos resta a não ser ficarmos desacreditados com a transformação da realidade. Entretanto, é aí que encontramos o verdadeiro significado do Natal: o revigorar de um novo começo. Seja qual for o abismo ao qual nos deparamos pelo caminho, é por meio deste espírito, desta fé, desta esperança que encontramos base para emergir a força da superação e, enfim, o impossível se torna em concreta transformação.


Então, prezados leitores, não nos deixemos desanimar pelos abismos da vida que parecem impossíveis de superar; não percamos a esperança; que sejamos mais sensíveis às divinas forças proporcionadas pelo Natal; que tais forças não permaneçam somente conosco, mas que saibamos compartilhar com aqueles que mais precisam de nós; que aprendamos a amar quem quer que seja; e, assim, consigamos revigorar o verdadeiro espírito, a esperança do Natal.

sábado, 29 de novembro de 2014

Fé e Razão unidas: o caminho mais desafiador

Existem diversas explicações  sejam religiosas, sejam científicas ou pessoais  que tentam compreender o Universo. Sendo relativista, nenhuma é superior ou inferior à outra; não deixam de ser tentativas de entendimento daquilo que não sabemos, a aventura de buscar o conhecimento. Contudo, aqui estou abordando um caso particular de conflito próprio.

Uma missão que defini para mim em oração foi e é: por mais complexo e aparentemente impossível que seja, ainda que eu tenha que dedicar intermináveis horas da minha vida, trabalharei com tamanho esforço e ardor para tornar fé e razão "amigas" de um mesmo trajeto.

Quando nos aprofundamos de modo tão intenso em tais vertentes, chega um momento inevitável em que temos de tomar uma decisão radical. E somente uma decisão: servir a fé ou servir a razão? No entanto, para uma pessoa que ama imensamente uma quanto à outra, esta decisão é indefinidamente difícil, assim como fora para mim.


Há aqueles quais dizem que a fé é uma rota que o ser humano busca por ser mais fácil de compreender as coisas e por trazer mais autossatisfação interior. Tais críticos, então, usam da teoria da alienação para explicar a ação da Igreja. Em contrapartida, há a defensiva de que a razão é uma maneira de, afastando-se da Igreja, o ser humano fechar-se em seu ego e individualismo. Entretanto, suponho que tais pessoas  de ambas as defesas  procuraram equivocadamente o caminho mais fácil: decidir-se entre uma ou outra para fugir da conflituosa complexidade de conciliar ambas as vertentes, aparentemente, autoexcludentes.

Nesta minha busca de conciliação  busca em qual penso estar só no princípio , em incontáveis momentos, lidei com dúvidas que muito demorei para encontrar a resposta. Dúvidas que, se eu tivesse apelado pelo equívoco, já teria abandonado minha fé há tempo. Logo, um marcante estado do meu espírito era a divisão. Ora  interiormente  eu apoiava a Igreja, ora eu a criticava, contestava, duvidava. Porém, dúvidas quais não me arrependo, pois hoje vejo que não somente ampliaram o meu conhecimento, como também a minha fé; o que tem, em “dupla mão”, contribuído para o meu crescimento espiritual.


Ainda que, dentre tantas dificuldades, eu estivesse obtento significantes “sucessos”, algo que muito me pesava era o seguinte ditado: “um empregado não serve a dois reis”. Mais uma vez eu tinha de tomar uma decisão. Decisão qual eu adiava, mas ― inevitavelmente, cedo ou tarde  deveria ser tomada. Além de tanto, muito nos deparamos na Bíblia com um convite a abandonarmos o mundo para dedicarmo-nos a Deus – mais um chamado para a decisão radical.


Não obstante, este último convite de “não servir ao mundo e sim a Deus” me causou conflituosa repulsa. Por que Deus, qual me pôs no mundo, diz para que eu não sirva a este? Não foi da vontade Dele que eu vim ao mundo? Caso contrário, eu não teria vindo. Será isso, então, mais uma forma de me alienar aos “interesses” da Igreja? A Palavra não nos diz a ajudar o irmão? Porém, levando em consideração que o irmão pertence ao mundo e se devo eu pertencer a Deus, então isso quer dizer que não devo servir a meu semelhante? Só que servir ao irmão não é, também, servir a Deus? Não há nisso uma contradição? Enfim, esta contradição reforçava ainda mais a ideia de uma “Igreja alienadora”, fora outras contestações minhas referente à Cristo, as quais também me levaram para uma bifurcação radical: ou Jesus é a verdade ou é um grande mentiroso! Pois toda mentira é desvendada logo, o que tanto pode apontá-Lo como a “Verdade” ou como a “mentira mais bem contada da História”.


Contudo, eu estava cometendo um enorme equívoco, uma precipitada compreensão. Nada é impossível de se entender desde que se reflita suficientemente para tanto. Então, esclareci a “bagunça” do meu espírito. Primeiramente, já que eu tinha tantos argumentos convincentes que apoiavam a Igreja quantos que a desmentia, eu tinha de tomar uma rota simples, porém, decisiva: tenho fé ou não a tenho? “Tenho fé” foi minha resposta.


A partir daí, comecei a reestruturar minha base ideológica – método inspirado de René Descartes – de maneira racional e lógica, sem afetar a minha fé. Foi aí que cheguei à famosa bifurcação de “servir a dois reis”. Porém, a questão é que, quando na Bíblia se fala em “deixar de servir ao mundo”, Deus não está nos privando de servir às pessoas ou impondo que nos desprendamos do mundo. Porque, parando para pensar logicamente, desprender-se do mundo seria, então, desprender-se de tudo que há nele – como abandonar o conhecimento, as pessoas que amamos, tudo! – para servirmos somente a Ele. Entretanto, nestas passagens, não é este o foco. Na verdade, nelas, Deus está nos alertando a abandonarmos aquilo que nos prendem a futilidades, que nos levam à insignificância humana. Se, em contrapartida, estamos exercendo nossa função social, prezando por nossas virtudes, adquirindo conhecimento da realidade, ajudando a quem precisa; logo, estamos trabalhando para melhorar o mundo, estamos trabalhando nas virtuosas importâncias do mundo. Portanto, assim também estamos servindo a Deus e ampliando o nosso crescimento quanto espírito, o que também O agrada. Todavia, a partir do momento que o nosso serviço ao mundo é sobreposto a Deus, aí sim estamos na condição do servo que prefere a um rei em detrimento do outro.


Por fim, é possível prezar pela razão e pela fé! Trabalhar para o conhecimento do Universo não é ir contra a vontade de Deus, pois foi conforme a vontade Dele que viemos ao mundo e, por isso, temos a capacidade de duvidar e buscar pelas respostas. No entanto, esta busca não pode ser transformada em contestações que nos faça ir contra à Sua existência e, muito menos, ser sobreposta a Ele. Portanto, basta ter discernimento e paciência diante de qualquer busca, porque “nada é impossível de se entender desde que se reflita suficientemente para tanto”.


domingo, 23 de novembro de 2014

Ausência do silêncio: raridade do que é puro

“Pureza é algo difícil de se encontrar hoje no mundo, nos seus mais variados sentidos, principalmente nos mais literais.”

Milagroso foi o dia em que pude, por um gratificante instante, desfrutar de um silêncio que, há tempo, não se manifestava. Nenhum veículo transtornava os ouvidos daqueles que tiveram a breve graça de caminhar pelas calçadas da Estrada dos Bandeirantes, naquela manhã de plena semana de rotinas profissionais, cada vez mais corridas e exigentes.

O intrigante é que um momento como este, que deveria ser uma espécie de especial agrado, serviu-me, contudo, de alerta. Estamos tão acostumados a essa vida subordinada ao caráter capitalista que tampouco reparamos aonde chegamos. Diariamente, acordamos com um peso enorme das mais variadas condições humanas. Acordamos mal-humorados, porque temos ciência do estressante e exaustivo dia que mais uma vez teremos de enfrentar; acordamos cansados, porque a rotina foi tão cruel conosco que tivemos de abusar das horas, forçando um “descanso” mental diante da televisão, que nos privou de acostarmo-nos mais cedo à cama; acordamos arrependidos, porque não fomos capazes de realizar o que planejamos; acordamos desesperançados, porque, por mais que nos esforcemos, novamente sofreremos tudo aquilo que queríamos evitar ou que, pelo menos, fosse menos avassalador, fosse diferente.

O mais inquietante é que pouco somos afetados por isso, pois já sofremos tanto que até ousamos nos acostumar. Não precisamos ir longe para enxergar a conturbação do mundo. Baseando-se no primeiro relato, todos os dias, vemos milhares de carros buzinando; ouvimos estalos das pesadas rodas dos caminhões sobre o asfalto; o som de milhões de motores já é considerado silêncio, porque é tão frequente que até parece natural; veículos que avançam os semáforos; pedestres que não têm tempo nem de alcançar a faixa de travessia; o caminhar apressado das pessoas, passando uma pelas outras como se fossem fantasmas, sem ao menos desejar um bom dia e, muito menos ainda, desviar o olhar do caminho para dirigi-lo àqueles que presenciam o seu redor. Este é o rumo do desenvolvimento da humanidade?





Não desprezo o desenvolvimento humano, em todos os seus ramos (filosofia, razão, pensamento, ciência, engenharia...), pelo contrário, valorizo e me admira muito, até me incentiva. No entanto, a questão aqui a qual quero ressaltar é que esse desenvolvimento, sendo administrado por um individualismo crescente, nos dirigiu a um ponto tão culminante, onde, cada vez mais, as coisas mais essenciais em nós (isto é, a pureza das virtudes humanas) estão sendo mascaradas por essa conturbação. Conturbação, agora, não mais a que se passa no mundo, porém, a que se passa no espírito, relembrando, também, todo o sofrimento que se inicia só no momento do despertar da manhã, sem levar em conta todos os outros que ainda serão enfrentados ao prolongar do dia.

Será que não esquecemos aquilo que nos é mais essencial?

sábado, 15 de novembro de 2014

Boa conduta: o mover de águas

Difícil é encontrar um significado para as boas obras, pois recebemos uma doutrina tão capitalista que tampouco damos importância às ações dos outros. Isso porque vivemos um individualismo tamanho que, ainda que enxerguemos uma atitude de um semelhante, em vez de valorizá-la, ora a rejeitamos, ora até tentamos fazer melhor, como se a vida fosse uma competição onde aquele que se destacar em detrimento dos outros vence a partida. Não! A vida não é uma competição.

Se partirmos deste ponto de vista, que julgo como pessimista, concluiríamos que boas ações são, unicamente, expressões da personalidade do indivíduo, que se restringem somente a isso e que efeito nenhum teriam como consequência. Porém, para mim, essas ações de boa conduta são como “águas em movimento”. Porque, assim como uma só gota faz com que uma relevante porção de água se movimente, assim também uma só pessoa movimenta os que estão ao seu redor e, claro, a si mesma. O que quero dizer com isso é que não somente o ajudado será beneficiado, mas o ajudante também toma parte dos benefícios de uma boa conduta, nem que seja pelo aprendizado, pela sabedoria ou pelo reconhecimento do seu verdadeiro propósito.


Antes, quero ressaltar que, ao meu ver, uma boa obra não precisa ser grandiosa, como um confidente que salva sua nação de um sistema opressor, por exemplo. Pelo contrário, grandes obras podem ser edificadas por pequenas atitudes, como, em outras ocasiões, negar-se a passar cola ou conter-se em retribuir a ofensa recebida. No entanto, nesse caso, a pessoa que se conteve pode ser considerada como a que saiu “perdendo”, a que ficou com o “prejuízo”, e o ofensor como o que saiu “vitorioso”, pois venceu a briga. Não! O ofensor saiu ganhando, pois foi evitado de ser magoado pela contra-ofensa, e o ofendido também saiu ganhando, porque não somente aprendeu, como também praticou de fato a sabedoria, o que lhe ampliará a experiência de vida, aumentando-lhe o crescimento espiritual. Nisso, fica claro que o maior beneficiado é aquele que pratica a boa atitude, não só aquele a quem foi dirigida tal conduta.

Isso, contudo, é somente um único exemplo, mesmo assim, podemos tirar mais proveito do mesmo: após a grande atitude sábia de conter a sede de revanche, talvez, o ofensor se arrependa, ainda que não no momento. Todavia, tal arrependimento irá levá-lo a um dos caminhos mais comuns da sabedoria, cujo erro serve de parâmetro para, numa próxima situação, exercer o certo. E ainda, quando este, na próxima vez, fazer o mesmo que o fez aquele que lhe transmitiu o exemplo, o novo ofensor também vai se arrepender, aprender e agir corretamente no momento oportuno. Assim, um ajuda o outro, que ajuda a outro, que ajudará mais outro... Seguindo uma progressão até que toda a “água” seja movimentada pela mesma “gota” de boa conduta.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um Novo Olhar

“A vida pode definitivamente mudar, mas isso 
depende da forma como a olhamos.”

Muitas vezes, ao terminar da noite, dirigimos o olhar para trás, para o dia que tivemos, e nos prendemos aos fracassos, aos acontecimentos dispersos de nossos planos, às cousas que deram errado. Não digo que devemos ignorá-los, porque, com efeito, são dos erros que temos a oportunidade de edificar grandes superações, como, por exemplo, uma manifestação cuja reivindicação seja o rompimento de um sistema opressor e a conquista da liberdade individual de pensamento e expressão, por consequência de tamanha luta por direitos inalienáveis.

No entanto, não é esse o foco. A questão é quando tornamos os fracassos do passado numa prisão que acorrenta o presente, junto a possíveis vitórias e essenciais esperanças do futuro. Enfim, encontramos o nosso desvirtuado equívoco! Pois, quando prendemos nosso olhar a tais falhas cometidas ao aventurar do dia, tornamo-nos cegos às significativas conquistas, que enriquecerão nossa existência.

“Não importa quanto e quais foram os seus fracassos, 
tenha a certeza de que você ergueu e erguerá grandes vitórias.”

A proposta que eu lhe faço, prezado leitor, é esta: sensibilize o seu olhar para contemplar as conquistas dos dias que passaram; não faça dos erros correntes de esperanças aprisionadas. Pelo contrário, que a queda seja motivo de se reerguer para os desafios da vida que ainda virão, porém, dos quais você sairá vitorioso.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Sonhador de Memórias

Todo ser humano (isto é, um ser dotado de espírito, da capacidade de pensar) tem, dentro de si, memórias, que compõem seu passado, e imaginações, que compõem seus sonhos. Apesar de, como numa poesia, manifestarmos uma dualidade de espírito, de mente, parece-me que há um certo temor, certa recusa quanto a esta característica tão profunda em nós, como se a união de ambos “componentes” fosse impossível.
___Lucarte era um garoto muito desprezado. A rejeição não se restringia somente ao ambiente familiar e escolar, mas a fama do “garoto estranho” se difundira por toda a Vila Individualismo Uniforme. Lucarte, já condenado pelo nome, era aquele tipo de pessoa sozinha que anda de um lado para o outro, mexendo a cabeça, olhando para distintas direções, fazendo gestos com a mão... Sem dúvida, um doido varrido.
___– Olha só aquele garoto lá no fundo da sala. Parece que está conversando com alguém, mas sempre anda na dele. Além de antissocial, é maluco! – riam meninas de sua sala.
___O mais impressionante (para alguns, espantoso) era que Lucarte sempre andava com um largo sorriso no rosto. Tinha, muito bem, conhecimento de toda a implicância ao seu redor, porém, nitidamente, isso pouco o incomodava.
___Num especial dia, uma menina de bom coração, do Colégio Ilusão Alienada (escola na qual estudavam), se aproximou dele:
___– Você é feliz?
___– Me diga a sua melhor lembrança. – solicitou o pobre menino, dizendo algo completamente incoerente com a pergunta da sensível garota, o que comprovava sua “insanidade”.
___Ela, meio sem jeito, respondeu:
___– É... Foi quando viajei para Alma Aberta, uma linda cidade do interior.
___– Algo do qual você se arrependa muito? – prosseguiu Lucarte com o interrogatório.
___– Aqui mesmo na vila, paguei um mico tremendo no baile do ano retrasado. – desabafou ela, entre tímidos risos.
___– E o que você gostaria de ser no futuro, mesmo que seja impossível?
___– Eu gostaria de ser uma ginasta, com muitas medalhas de ouro.
___Após estas revelações, o garoto demandou:
___– Imagine se você, no ano retrasado, fosse uma ginasta mundialmente medalhista e que estivesse num baile, não aqui, mas em Alma Aberta. Então, você estava prestes a cair, porém, conseguiu transformar seu erro numa performance linda, que deixou os jurados às loucuras. Ao fim da apresentação, os fãs e os jurados, junto a uma multidão eufórica e admirada, vieram cumprimentá-la. Agora, converse com estas pessoas, ande no meio delas, veja o brilho do seu sucesso... Como se sente?
___A menina, portanto, viveu aquele momento, que estava além do horizonte a se concretizar. Entretanto, tudo aquilo era tão real para ela que nem percebeu alguns passos e gestos que dava pelo pátio da escola. Depois de gozar desta magnífica experiência, que talvez nunca teria a oportunidade de vivê-la no mundo real, caindo em si, respondeu, pensativa e admirada:
___– Me sinto feliz...

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Maturidade

Há um certo estágio na vida em qual percebemos que esta não é uma satisfação de próprios interesses ou prazeres, no entanto, a vida, inevitavelmente, é o abandono de tais comodidades em prol de uma causa coletiva comum.

Por mais que alcançada na velhice, ou ainda no esplendor da juventude, ou até mesmo no principiar da  infância, suponho que este estágio vital se chame amadurecimento e, ainda que no meio social, profissional, espiritual, intelectual, familiar ou pessoal, virá um momento cuja essencial maturidade será manifestada em nossa personalidade e, de maneira conjunta, em nossas ações e atitudes.  

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Caverna do Individualismo

Observando o Mito da Caverna, do renomeado filósofo da antiguidade clássica, Platão (428 A.C. – 347 A.C.), deparamo-nos com uma situação, que apesar de contada há muito tempo, ainda surte efeito em nossa sociedade atual. 

Como vimos na alegoria platônica, aqueles homens pensavam que a vida se restringia exclusivamente àquelas imagens, projeções que os “controlavam” e os impediam de desbravar a realidade mundo afora. Ou seja, viviam uma utopia, acorrentados à alienação, presos numa caverna “traiçoeira”. 

Porém, será que isso é somente um conto, uma fantasia? Ou é um alerta para avistarmos o real sentido da vida? Será que já estamos tão acostumados com essas “sombras” que nem percebemos sua existência? Suponho que sim! Sua presença é tamanha em nosso meio que caímos na ilusão de pensarmos ser livres de seu “controle”.

Mas afinal, quem está neste “poder”? Se retomarmos à memória o Mito da Caverna, vemos que há quatro elementos: os homens (alienados pelas sombras), as sombras (responsável por tanto), a suposta luz (que projeta as imagens) e a caverna (simbolizando a prisão interior). Fazendo um paralelo desta alegoria à sociedade atual, podemos reparar que estes elementos ainda existem.


A Luz? Seria o capitalismo, que sem se importar com os danos consequentes de seus atos, influencia os consumidores, através das diversas modalidades de marketing, a comprarem desenfreadamente seus produtos, muitas vezes, desnecessários.


As sombras? Seriam estes produtos, principalmente os de telecomunicação: smartphones, televisões, computadores, tablets, internet e tantos outros meios que levam o ser humano a se fechar em si mesmo, acorrentado em seu individualismo crescente.


Os homens? A caverna? Nós protagonizamos estes homens, habitamos esta caverna individualista, que representa claramente as grades, os muros que nos impedem de descobrir o mundo real que está lá fora, de alcançar a essência da vida.


No entanto, qual caminho devemos tomar para “fugirmos” de tamanha ilusão, utopia, alienação? Como apontou Descartes, certamente conhecedor da Alegoria da Caverna e do mestre Platão, devemos, num reservado momento, refletir, contestar e duvidar a realidade em qual vivemos! Somente assim, estaremos atentos a esses “interesses externos” que, indiretamente, se empenham a nos controlar e, então, poderemos reestruturar toda a nossa base ideológica, antes que, quem sabe, nosso futuro seja semelhante ao de Matrix (uma trilogia cinematográfica nitidamente baseada no Mito da Caverna). 

(Trabalho de Filosofia, Matheus de Oliveira Fernandez, apresentado em grupo
no dia 09/09/2014, Colégio Santa Mônica - Taquara, Rio de Janeiro)

Para os que não conhecem o Mito da Caverna, recomendo que assistam este vídeo:

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A mais desejada de todas as maçãs

___– Cansado já estou desta vida! – resmungou uma formiga, enquanto carregava uma folha nas costas para a obra do formigueiro, conforme à ordem da Rainha.
___– Por que, porém, esta revolta, prezado amigo? – preocupou-se o companheiro ao lado, também carregando uma pesada folha.
___– O trabalho que efetuamos é duro e árduo, no entanto, nada nos é dado por recompensa. – ainda inquietava-se a formiga insatisfeita.
___– Contudo, é esse o nosso dever para com a Rainha. – declamou o amigo.
___De imediato, a formiga revoltada avistou uma bela e suculenta maçã bem vermelha, numa árvore muito distante. Era a única naquela região e a mais desejada por todo o Reino das Formigas. Apesar de tanto, nunca nenhum aventureiro se atrevera a prová-la.
___Foi, então, que a resmungona formiga teve a ousadia de romper este tabu. Abandonou o amigo e traçou seu rumo. Horas e horas de caminhada intensa; longos e sofridos centímetros foi enfrentar aquele desafiante percurso.
___Enfim, alcançou seu destino: a tão vislumbrada árvore. Com ainda mais esforço, subiu até o topo, onde estava a almejada maçã, e, finalmente, pôde desfrutar de seu misterioso sabor. Para sua surpreendente decepção, a maçã estava envenenada. Teve, pois, um lento e doloroso fim de vida; entregou o espírito em sua cobiça e ingratidão.


MORAL: a ingratidão pode ser o fruto da desesperança.
(Prova de Redação - Fábula, Matheus de Oliveira Fernandez,
Colégio Santa Mônica - Taquara, Rio de Janeiro, 22/08/2014)

terça-feira, 22 de julho de 2014

Certeza incerta?

Parando para refletir intensamente, percebi que certeza não tenho de nada. Isso é fato! E se não existe nada certo, logo, não há nenhuma resposta que responderá totalmente a minha dúvida, tantas dúvidas. E não achar a resposta me incomoda muito, me desespera e pode até me enlouquecer. Mas a inquietação só é acalmada quando encontro tal resposta... E sempre a encontro!

Na verdade, o que acontece é que escolho, dentre tantas, uma resposta que satisfaz plenamente a tal dúvida, de modo coerente a tudo o que já pensei em minha existência e com tudo que se relaciona comigo, mesmo não sendo a resposta certa. E se essa resposta me satisfez, isso quer dizer que cheguei a uma certeza, porém, incerta, devido à possibilidade de não ser a legítima.

Então, é lógico afirmar que a certeza nada mais é do que uma resposta que eu escolhi que satisfaz coerentemente a minha dúvida, de acordo com o que sou.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Escolhas

Pequenas escolhas podem nos custar segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e até mesmo anos, décadas. E uma coisa é certa: nós só vivemos uma vez neste mundo.

Por isso é que devemos tomar muito cuidado com cada escolha nossa, cada atitude, porque, sejam pequenas ou grandes, delimitam longos caminhos em nossas vidas. 

Más escolhas nos levam a rumos inúteis e, então, percebemos, pelas pegadas deixadas, que demos passos em vão e, nisso, já foi tempo que não pode mais ser retomado.


No entanto, são estas pegadas que marcam nosso caminho, pegadas que talvez não nos atreveremos a repetir, mas que nos serviram de experiência e sabedoria, ensinando-nos a discernir os passos que nos levarão ao destino das verdadeiras realizações.