sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um Novo Olhar

“A vida pode definitivamente mudar, mas isso 
depende da forma como a olhamos.”

Muitas vezes, ao terminar da noite, dirigimos o olhar para trás, para o dia que tivemos, e nos prendemos aos fracassos, aos acontecimentos dispersos de nossos planos, às cousas que deram errado. Não digo que devemos ignorá-los, porque, com efeito, são dos erros que temos a oportunidade de edificar grandes superações, como, por exemplo, uma manifestação cuja reivindicação seja o rompimento de um sistema opressor e a conquista da liberdade individual de pensamento e expressão, por consequência de tamanha luta por direitos inalienáveis.

No entanto, não é esse o foco. A questão é quando tornamos os fracassos do passado numa prisão que acorrenta o presente, junto a possíveis vitórias e essenciais esperanças do futuro. Enfim, encontramos o nosso desvirtuado equívoco! Pois, quando prendemos nosso olhar a tais falhas cometidas ao aventurar do dia, tornamo-nos cegos às significativas conquistas, que enriquecerão nossa existência.

“Não importa quanto e quais foram os seus fracassos, 
tenha a certeza de que você ergueu e erguerá grandes vitórias.”

A proposta que eu lhe faço, prezado leitor, é esta: sensibilize o seu olhar para contemplar as conquistas dos dias que passaram; não faça dos erros correntes de esperanças aprisionadas. Pelo contrário, que a queda seja motivo de se reerguer para os desafios da vida que ainda virão, porém, dos quais você sairá vitorioso.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Sonhador de Memórias

Todo ser humano (isto é, um ser dotado de espírito, da capacidade de pensar) tem, dentro de si, memórias, que compõem seu passado, e imaginações, que compõem seus sonhos. Apesar de, como numa poesia, manifestarmos uma dualidade de espírito, de mente, parece-me que há um certo temor, certa recusa quanto a esta característica tão profunda em nós, como se a união de ambos “componentes” fosse impossível.
___Lucarte era um garoto muito desprezado. A rejeição não se restringia somente ao ambiente familiar e escolar, mas a fama do “garoto estranho” se difundira por toda a Vila Individualismo Uniforme. Lucarte, já condenado pelo nome, era aquele tipo de pessoa sozinha que anda de um lado para o outro, mexendo a cabeça, olhando para distintas direções, fazendo gestos com a mão... Sem dúvida, um doido varrido.
___– Olha só aquele garoto lá no fundo da sala. Parece que está conversando com alguém, mas sempre anda na dele. Além de antissocial, é maluco! – riam meninas de sua sala.
___O mais impressionante (para alguns, espantoso) era que Lucarte sempre andava com um largo sorriso no rosto. Tinha, muito bem, conhecimento de toda a implicância ao seu redor, porém, nitidamente, isso pouco o incomodava.
___Num especial dia, uma menina de bom coração, do Colégio Ilusão Alienada (escola na qual estudavam), se aproximou dele:
___– Você é feliz?
___– Me diga a sua melhor lembrança. – solicitou o pobre menino, dizendo algo completamente incoerente com a pergunta da sensível garota, o que comprovava sua “insanidade”.
___Ela, meio sem jeito, respondeu:
___– É... Foi quando viajei para Alma Aberta, uma linda cidade do interior.
___– Algo do qual você se arrependa muito? – prosseguiu Lucarte com o interrogatório.
___– Aqui mesmo na vila, paguei um mico tremendo no baile do ano retrasado. – desabafou ela, entre tímidos risos.
___– E o que você gostaria de ser no futuro, mesmo que seja impossível?
___– Eu gostaria de ser uma ginasta, com muitas medalhas de ouro.
___Após estas revelações, o garoto demandou:
___– Imagine se você, no ano retrasado, fosse uma ginasta mundialmente medalhista e que estivesse num baile, não aqui, mas em Alma Aberta. Então, você estava prestes a cair, porém, conseguiu transformar seu erro numa performance linda, que deixou os jurados às loucuras. Ao fim da apresentação, os fãs e os jurados, junto a uma multidão eufórica e admirada, vieram cumprimentá-la. Agora, converse com estas pessoas, ande no meio delas, veja o brilho do seu sucesso... Como se sente?
___A menina, portanto, viveu aquele momento, que estava além do horizonte a se concretizar. Entretanto, tudo aquilo era tão real para ela que nem percebeu alguns passos e gestos que dava pelo pátio da escola. Depois de gozar desta magnífica experiência, que talvez nunca teria a oportunidade de vivê-la no mundo real, caindo em si, respondeu, pensativa e admirada:
___– Me sinto feliz...