quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Onde habita a Mente?

Essa é uma questão que, se analisada mais profundamente, suponho não ter sido respondida claramente até o momento atual e muitas são as discussões a seu respeito. Primeiramente, quero expressar minha imensa admiração pela mente humana, pela razão que ela pode alcançar, pelos incontáveis limites que pode superar. Ainda que, pelo observar das longínquas e gigantescas estrelas e todos os corpos do Universo, o ser humano tenha dimensões físicas tão desprezíveis, seu espírito pode ultrapassar o inimaginável. Um exemplo cotidiano são os diversos utensílios que hoje temos e que, há muito tempo, estavam longe de percorrerem a imaginação dos antigos. A meu ver, o que nos afasta de sermos a grandeza mais impressionante do Universo é nosso limite corporal e nossa vigente imperfeição.


De antemão, aos religiosos ― nos quais me incluo, já que sou católico ―, em momento algum penso que o homem é superior a Deus. E aos ateus, não se pode negar que (de acordo com a teoria) a definição de Deus é que Ele é o ser perfeitamente superior a todas as coisas existentes e, somente assim (por questão de lógica), poderia ser o criador do Universo, o impulsionador do Big Bang. Não preciso ir longe: historicamente dizendo, basta conhecer brevemente a ideia do Demiurgo, de Platão, e o conceito do Primeiro Motor, por Aristóteles, para se chegar a essa conclusão. Isso sem contar inúmeros outros filósofos que defendem a existência divina, como São Tomás de Aquino, Baruch Spinoza, Blaise Pascal, Anselmo de Cantuária, William Lane Craig e até mesmo Immanuel Kant. Contudo, admito não estar nem perto de ser um defensor digno a esta discussão, pois ainda sou muito jovem. Além do mais, por milênios, ninguém conseguiu (vendo pelo lado científico-matemático) provar nem refutar a existência de Deus. Enfim, não é do meu querer, neste texto, argumentar sobre este assunto.

Muitos já devem ter se interessado, mesmo que superficialmente, por Óptica [ramo da Física]. Por esses estudos (realizados graças à grandeza de empenhadas mentes que buscavam compreender o desconhecido e o novo), confirmamos que a nossa visão [humana] se restringe somente a uma parcela das frequências existentes. As ondas sonoras, por exemplo, são sensíveis aos nossos ouvidos, porém, invisíveis aos nossos olhos. O que podemos concluir é que há muitos “elementos” entre nós que não temos, no entanto, a capacidade de enxergar ou até mesmo sentir.

Além disso, alguns estudiosos afirmam que (sucintamente falando) tudo no Universo apresenta energia quântica. Quando morremos, não perdemos todas as nossas energias, como se comumente pensa. Na verdade, o que acontece é que a energia quântica contida em nosso sistema nervoso é liberada e, assim, se dissipa no Espaço. Isso até nos faz retomar a Lei de Lavoisier: “Na natureza, nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.

Por que estou apresentando tudo isso? Já chegarei lá, contudo, antes desejo desenvolver mais o seu raciocínio quanto a algumas situações, para concluir minha visão do assunto:

Exceto o momento no qual estamos defronte ao espelho ou a um material que reproduza nosso reflexo, não conseguimos observar nosso rosto e, naturalmente, o imaginamos, sem mesmo sabermos seu real estado momentâneo. Fazemos o semelhante com nossa mente. Por exemplo, imagine que você esteja impossibilitado de abrir seus olhos na rua, a noite, e uma luz incomoda suas pálpebras na parte superior. Certamente, você deduzirá que esta provém de um poste e, involuntariamente, você imagina a posição e a altura do poste de acordo com a intensidade da luminosidade. Da mesma maneira, mesmo sem podermos enxergar, imaginamos que o nosso pensar está no topo, pois há muito tempo nos foi dito ou vimos em algum lugar que a mente está no cérebro. Mas se, por acaso, lhe dissessem que sua mente está no pé? Neste caso, você teria a sensação de que seus pensamentos estavam numa posição inferior ao corpo. Então, vemos que não sabemos a real “localização” da mente, apenas imaginamos onde ela pode estar. 

O mesmo acontece com nossos sentimentos, quais pensamos que estão no coração, quando a ciência diz que, na verdade, são processos hormonais provindos do próprio cérebro. Logo, as emoções no coração não passam de uma metáfora, entretanto, uma metáfora que eu mesmo prefiro aceitar ― a visão científica de algumas coisas parece-me que “desanimam” seu significado. Há biólogos que afirmam que o amor é apenas um instinto procriativo ― eis outra visão desanimadora qual discordo.


Dentro de um sonho, nós também pensamos, só que numa mente “criada” pelo sonho. Isso me soou estranho, pois dá a entender que temos uma mente dentro de uma mente, onde a mente “externa” está confeccionando o enredo e o ambiente do sonho e a “interna” é a protagonista: nós.

Além de tanto, era-me estranho pensar na tão grandiosa mente humana como simples impulsos correndo pelas ligações neurais do cérebro. Enfim, refletindo bastante sobre todas essas questões, fluiu-me uma alternativa que satisfez a dúvida vigente. Conforme a filosofia cartesiana, nossa existência é comprovada pelo fato de pensarmos. Logo, já que somos seres existentes, é difícil imaginarmos a nossa inexistência, que seria a morte (vista deste modo). E se a morte é inviável ao nosso pensamento, há a necessidade de termos uma alma. No entanto, o que seria a alma? Logo, pensei: por que não pode a nossa mente ser o próprio espírito, se ambos os elementos não podemos perceber por nossos sentidos corporais? Então, não é irracional pensar que possuímos uma alma, já que temos a certeza de que pensamos e a comprovação de que nem tudo vemos. E, como a Física Quântica confirma a presença de tal energia em nosso sistema nervoso, de que mais poderia ser constituído nosso espírito senão desta própria energia, diretamente relacionada ao sistema do qual o cérebro faz parte, este o responsável apontado pela Biologia de “abrigar” nossa mente?