sábado, 16 de julho de 2016

Século XXI: permanência da liberdade de repressão

Novamente, durante muitos meses não posto nada neste blog, porque em análogo tempo nada tenho escrito. Apenas tenho reservado meus pensamentos à dimensão que lhes é própria: minha mente. E toda essa reserva percebo agora que se trata de uma contradição um tanto interessante ― para não dizer ridícula ― em nossa sociedade. Em verdade, já tinha notado isso, porém, somente hoje tomou corporeidade textual.

Buscando evitar ponderações de que minha análise está fundamentada em generalizações impensadas e, portanto, evitando que seu orgulho impeça-o de refletir nela, afirmo, pois, que a contradição esdrúxula não está presente em toda a sociedade, mas pelo menos naquela que está bem próxima das minhas observações.

Pode até parecer clichê, repetição ou reprodução de críticas alheias, todavia, de fato, a liberdade de expressão constitui apenas um direito institucional; jamais foi um direito socialmente exercido em plenitude. E o confirmo por tudo aquilo que tenho sofrido em minha própria individualidade como também tenho observado na de outros indivíduos. E é justamente por decorrência dessa mesma realidade que muito me tenho omitido. E, também em virtude ― ou melhor, desvirtude ― do análogo processo social, muitas transformações foram omitidas na História.

Certamente você deve estar se perguntando: como e por qual motivo cheguei a tal conclusão? Vamos lá:

Confesso que sou um grande admirador do Youtube, mas não só porque possuo um canal lá. Muito antes de criá-lo, eu já apresentava enorme apreço pela genial plataforma de streaming de vídeos, desenvolvida pela inteligentíssima empresa Google ― à qual também apresento minhas admirações.

O interessante desta plataforma é que nela podemos notar, através de uma análise que parte do particular para o geral, as distintas manifestações da diversidade de posicionamentos, opiniões, visões e compreensões acima dos variados assuntos que circulam pelos vídeos. Logo, ouso dizer que assim como a escola, o domicílio, a televisão, um parquinho, uma roda de amigos num restaurante qualquer ― e todos os lugares públicos, privados ou virtuais onde há interação humana ― representam uma maquete da grande estrutura que é a Humanidade, assim também o Youtube pode representar todas as discussões humanas.

Afinal, qual contradição é essa que tem ocorrido tanto na sociedade, majoritariamente, quanto no Youtube?

Diz-se que estamos vivendo o auge da livre expressão da opinião individual, quando, na realidade, uma parcela que antes se omitia agora se manifesta enquanto a que antes predominava agora se omite. Portanto, não há auge algum de liberdade, jamais houve... Somente há uma permutação entre as opiniões cuja aceitação geral adquire mais relevância.

No Youtube, uma guerra foi travada onde grandes produtores condenam os conteúdos de outros, ao invés de, num diálogo civilizado ― o qual nunca existiu, não apenas nessa plataforma ―, partilharem críticas construtivas entre si. Cabe mencionar também que, se de fato houvesse liberdade, um youtuber deveria confeccionar seu conteúdo sem interferência alguma de criadores alheios, restando somente ao próprio a autoavaliação crítica a respeito do peso moral-ético de sua criação, diante do qual ― cada um com suas mazelas ― ninguém têm o direito de julgar, uma vez que já existe toda uma legislação do Google responsável pelo cargo judicial. Desse modo, não são críticas preocupadas com os danos que o vídeo pode causar no público; pelo contrário, tais “críticas” são reflexos da inveja pessoal e também subterfúgios para alcançar mais fama por meio da “treta” instaurada.

E sou louco mesmo de afirmar que, nas devidas proporções, o análogo processo esteve presente ao longo de toda a História da sociedade humana. Através da mesma perspectiva, todas as guerras históricas e atuais se restringem unicamente às subsequências da inveja, a qual leva o ser humano a disputar sua individualidade com as dos demais ― ainda mais com a maneira como estamos acostumados a praticar o Capitalismo, onde a concorrência se tornou primordial e a cooperação mútua foi extinta. Também pelo mesmo raciocínio, sempre houve e sempre haverá ― a menos que mudemos de postura ― incessantes bipartições antagônicas na Humanidade, na qual jamais observei uma unidade efetiva.   

Aí está a contradição! Se numa época a direita reprimiu a esquerda, hoje a direita é tida como obsoleta enquanto a esquerda ascende, também pela opressão das opiniões de sua rival. Se há séculos a Igreja impediu a Ciência, hoje a Fé é desdenhada pelo cético avanço científico. Em tempos nos quais a ONU e seus Direitos Humanos se dizem buscadores de uma paz universal, observo uma apavorante multiplicidade de conflitos aflorarem por todo o mundo, desde o debate sobre homossexualidade até o avanço do Estado Islâmico.

Vejo, pois, famílias, amizades, turmas, grupos, escolas, academias... Vejo o mundo se desfazer pela intolerância. Repito: a liberdade de expressão jamais foi um direito socialmente exercido em plenitude.

Perante todo o caos, questiono-me: por qual razão haver direita e esquerda, se podemos ser sociedade? Por que confrontar as religiões com as ciências, se ambas são reflexos de uma mesma humanidade? Por qual motivo antagonizar dualidades que podem ser discutidas respeitosamente?

Por tudo isso, não tenho me posicionado diante das inúmeras polêmicas que nos cercam, pois há apenas uma posição universal: ser humano.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Serei filósofo?

Está tarde, eu sei. O que vou dizer aqui pode ser ou de fato é extremamente desnecessário. Ainda assim, como o Facebook me perguntou no que você está pensando?, irei revelar uma certeza, a qual em muitos momentos se mostra incerta diante de outras aparentes certezas, mas que, ao proceder dos dias, mais certa se torna para mim. E espero que pertinente assim seja para toda a minha vida; isso conforme o que compreendo dela.

Tenho o sonho de ser um grande filósofo, que realmente seja útil, pelo menos, na conduta de algumas poucas pessoas. Melhor ainda se fosse para toda a humanidade, o que se restringe apenas à dimensão do sonho mesmo, por enquanto. Todavia, também, ainda que eu não consiga ser filósofo, ao menos, devo e pretendo conhecer o pensamento de outros. Desse modo, não cursar Filosofia seria, no mínimo, um desperdício de tudo aquilo que sou e de tudo aquilo que talvez eu possa alcançar. E, sem resquício algum de dúvida, transmitir toda a minha vida para todos aqueles que eu conhecer será uma alegria imponderável.

Enfim, ser professor de Filosofia não é apenas um sonho, uma decisão ou uma profissão... É uma necessidade, um propósito, uma trajetória cujo fim será inexistente ao tocar na infinitude da felicidade.