domingo, 27 de novembro de 2016

Formando um Presente Feliz

Confesso que este foi um dos textos mais difíceis de sair do meu ser, até porque deveria partir do verdadeiro eu ― o que realmente complica muito. Também porque a vida, desde o prolongar das decorrências até o surpreender dos imprevistos, tem sido algo difícil de definir. Contudo, é justamente nisso onde erramos gravemente: rotinizamos a vida a ponto de nos privar dos imprevistos. Gastamos toda nossa potência de agir com o fim de a tudo controlar, tentando fazer com que tudo corresponda com nossos planos... Porém nos esquecemos de que 95% do Universo se trata de pura incerteza ― me refiro aqui à sua composição, dentre qual somente 5% é atômica e todo o resto, “escuro”. Como controlar o incerto? Ou melhor, para quê controlar?

À beira de uma grande decisão, de um grande momento ― como este, transição para uma nova vida acadêmica ―, nos desesperamos. Nos desesperamos porque nem tudo, ou melhor, quase tudo está fora de nosso controle. Nos frustramos pelas metas inalcançadas, pelos objetivos fracassados. Será que somos exigentes numa medida maior que nossas forças? Ou será que temos medo de reformular metas, objetivos, rotinas e vidas? Não sei. Pouco importa também. O que importa é que carregamos o passado e especulamos o futuro, mas apenas vivemos o presente. E é no presente que focarei a mensagem deste texto, é no presente que vocês a escutarão, é no presente que ela surtirá efeito.

Hoje estamos celebrando formandos e formadores. Sim, a turma, nossos pais, nossos professores e todos que dedicaram inúmeros esforços para formar isto agora. Olha que lindo: todos somos formadores e formandos do presente. 

Também, todos nós já estudamos. Talvez nem todos tiveram a possibilidade de uma educação básica, mas, com certeza, todos estudam sua realidade a partir de sua própria vivência. Olha que lindo novamente: todos temos conhecimento de nosso presente.

Percebam: não é em vão que escrevo na primeira pessoa do plural. Para que isto aqui fosse possível, nós todos nos empenhamos mutuamente. Quando digo que “temos conhecimento de nosso presente”, quero ressaltar que não devemos guardar nosso ser apenas para ele próprio. Em minha breve experiência de vida, percebi que a felicidade está na proximidade daqueles a quem amamos e com quem compartilhamos nossa existência. Exatamente isso nossos professores fizeram: com muito amor, não nos privaram daquilo que aprenderam. Pelo contrário, nos ensinaram tudo quanto lhes fora possível. Por isso, merecem nossos incessantes aplausos.

Nós ― agora me refiro à turma “pré-vest 2016” ― estamos diante de uma grande mudança. Talvez não a vida completamente, mas em muitos aspectos, seremos além daquilo que somos. Aliás, a cada hoje já não somos o que ontem éramos. Portanto, perante a profissão escolhida e na qual nos imaginamos felizes, deixo minha humilde sugestão para o nosso viver, que ainda nos surpreenderá com muitas alegrias e muitas tristezas imprevistas:

Que todo o nosso ser, que se construirá ao longo das incertas estradas do futuro, carregando as belas e fracassadas viagens do passado, jamais se restrinja apenas a si mesmo e jamais se esqueça de que a felicidade somente é plena e possível no presente. Não se angustie com o que deixou de ser concretizado ou com o que ainda há de ser realizado; sirva agora, ensine agora, ame agora, viva agora!
(Carta de Formatura do Pré-Vestibular, Matheus de Oliveira Fernandez,
Colégio Santa Mônica - Taquara, Rio de Janeiro, 27/11/2016)