quarta-feira, 11 de abril de 2018

Nunca experimentamos o presente


Estamos sempre ansiosos com o futuro e insatisfeitos com o passado. E o presente? Sempre perdido e confuso entre essas duas instâncias mais frustrantes. O presente, pura espontaneidade, é sensível; jamais processado pelo cérebro enquanto tal. A partir do momento em que o presente é sentido, já é passado quando suas informações alcançam a mente. Sempre o presente é processado como passado no cérebro, o qual, a partir do mesmo, concebe e projeta vivências irrealizadas no presente como futuro.

Mais radicalmente, há apenas pretérito circulando pelos neurônios. Não experimentamos o presente nem mesmo o futuro. Vivemos sempre acorrentados biologicamente ao passado.

Menos radicalmente, a memória arquiva o passado, a mente processa suas informações, a imaginação concebe futuros possíveis irrealizados e ao presente resta apenas o inconsciente ― aqueles sentidos obscuros dos quais não temos controle.