quarta-feira, 18 de março de 2015

Geladeira de órgãos: uma barbaridade científica

Olhares vazios no meio de tanta esperança, sentimento de perda no meio de tantos ganhos. Raj e Shahana Hashimi se encontram neste espírito paradoxo em busca de uma “cura” ao seu filho Zain Hashimi, menino de quatro anos que tem sua vida ameaçada pela talassemia. A resposta eminente seria selecionar um embrião do qual se transplantaria a medula óssea. No entanto, será que vale a pena a indiferença para com a recém alma em sacrifício à de Zain?


Conforme a Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha, “se a proteção constitucional do direito à vida refere-se ao ser humano, ao humanum genus, não há de duvidar que o embrião está incluído na sua proteção jurídica. O embrião é ser e é humano”. Dessa forma, fica claro que todos possuem o direito à escolha, o que é imediatamente arrebatado do ser que há de vir, ao ponto que ele já foi gerado predestinado a salvar seu irmão. Um fardo que se torna muito pesado para um recém-nascido carregar. 


Em laboratórios, é comum a utilização de camundongos ou ratos para realizar os experimentos científicos, cujos riscos são uma realidade frequente. Nesse sentido, não é justo, tampouco ético, aplicar o mesmo método numa inocente criança prestes a suscitar a existência, uma vez que sua essencial finalidade seria constituir-se uma geladeira conservadora de órgãos para serem transplantados. 

Levando em consideração a complexidade do fato e a especificidade genética de Zain, as probabilidades de a fecundação artificial gerar um embrião compatível são, irrefutavelmente, desprezíveis, o que, implacavelmente, levará ao descarte de diversos zigotos “inadequados”; um genocídio embrionário.


Além de tanto, muitos defensores desse insensível procedimento afirmam que é possível que a mãe desenvolva um amor equitativo entre os dois filhos, o que é uma utopia. A partir do momento em que o precursor menino já nasceu com o destino de ser um estoque de transplante, o sofrimento só seria prolongado, resultando numa divisão sentimental e, mais tarde, na perda inevitável para todas as partes.

“Não faças aos outros o que não gostarias que fizesses contigo”. Por conseguinte, ao invés de renunciar tantas vidas em prol de outras, seria mais digno buscar formas alternativas de cura, proliferando oportunidades a estas famílias. E, claro, desde que sejam oportunidades financeiramente acessíveis, além da necessidade de haver um atendimento psicoemocional aos pais.

(Redação de Ensino Médio feita em conjunto, Matheus de Oliveira Fernandez e Beatriz 
de Souza Ferreira Mansur, Colégio Santa Mônica - Taquara, Rio de Janeiro, 18/03/2015)