quarta-feira, 21 de junho de 2023

Um corpo sem alma

Desde a primeira vez que assisti a um filme de zumbi, o pequeno Matheus já se interrogava acerca da união entre corpo e alma. O que acontecia com as almas cujos disformes corpos reanimados cometiam atrocidades aqui na terra? E como poderiam os corpos se mover, se suas almas já não mais os habitavam? E, se ainda os possuísse, tais almas, no mínimo, estariam igualmente deformadas.

Tudo bem... É apenas uma ficção de cinema industrial. Contudo, não muito depois, também me perguntava sobre o estado da alma em corpos vegetativos, como aqueles pós-trauma cerebral, sustentados por máquinas e poucos estímulos. Se o corpo só se move com a alma, onde repousam tais almas? É justo que uma santa alma seja condenada pelas atrocidades de seu corpo “zumbificado”? O que resta para a alma de um corpo em estado vegetativo? Ou essas almas se separam do corpo, levando consigo seus pensamentos, ou se definham junto ao mesmo. No primeiro caso, o corpo continua a respirar sem influência da alma enquanto, no segundo, podemos admitir que uma alma não engloba pensamentos.

Uma sincera dúvida ainda permanece: o que acontece com a alma nestes corpos? Ela vai para outro plano e retorna? E como o corpo continua vivo se ela trocou de plano?

terça-feira, 20 de junho de 2023

Meritocracia

Você é livre para gostar ou não da meritocracia e acreditar que alcançou o sucesso pelo seu esforço. Apenas acho que é de tamanha crueldade julgar que o pobre é pobre por falta de talento. Duvido muito que Jesus culparia os pobres por sua miséria. Em verdade penso, se não estou enganado, que Ele iria ao seu resgate.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Sobre ser adulto e amadurecer

Ficar adulto é curioso. Estava relendo alguns textos deste próprio blog, textos que refletem uma mente adolescente que, embora atordoada, não tinha medo de se expressar. A fase adulta (ao menos a minha) traz o lamento e a desistência de sonhos: o encarar da realidade que desmancha aspirações mais jovens. Tudo isso é uma forma bem reduzida do que dolorosamente significa amadurecer. E até mesmo no amadurecimento existem desigualdades invisíveis, frente àqueles que possuem privilégios psíquicos sem ao menos se dar conta ou valorizar. Ser adulto e amadurecer significam nada além disso: crescer e enlouquecer entre os sãos. Reconhecer fragilidades que nem sempre existiram e que, muito provavelmente, foram criadas por si próprio  um fatídico e irônico mecanismo de autodefesa.

É curioso pensar que existem muitos adultos que ainda são crianças, relutam para manter suas estruturas infantis de interpretação dos fatos, relutam a enxergar a si mesmos e àquilo que está tão óbvio e claro à sua frente: jamais! É preferível infringir tormento a todos em seu redor a reconhecer sua clarividente tolice. Possuir a imbecilidade em seu mais alto nível é o que procuram tais infelizes almas: resistir a encarar os fatos, resistir ao evidente, ou melhor, resistir ao amadurecimento.

Ser adulto e amadurecer, portanto, envolvem essas irônicas vias de construir adultos totalmente distintos e despreparados para a vida. Adultos que não se percebem adultos; adultos que evitam ser adultos; adultos que deveriam ser adultos; adultos que infelizmente são adultos.